Quando me preparava para escrever sobre a segunda parte da série mais comentada no Brasil em 2018, La Casa de Papel, recebo a notícia via twitter do Netflix com direito a vídeo com os atores confirmando que vamos ter uma nova temporada da série. Bem, pelo título deste post você já deve saber que eu não concordo com isso ou melhor, não vejo motivos para ter uma nova temporada de uma série que teve ótimos momentos, mas que no seu fim acabou pecando um pouco.
Ainda tem muito Bella Ciao pra cantar. #LaCasaDePapel continua. pic.twitter.com/tjneG7JZt3
— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) 18 de abril de 2018
Por que? Por que eu acho isso? Porque a primeira parte da série teve momentos marcantes, foi o ápice! Tivemos um roteiro cirurgicamente preciso com reviravoltas nas horas certas, com momentos de tensão e com personagens críveis, carismáticos e a criação de um núcleo forte que era a base de toda a série.
O Professor (Álvaro Morte), Berlim (Pedro Alonso), Tóquio (Úrsula Corberó) e Nairobi (Alba Flores) eram personagens enigmáticos, cativantes e que davam ao roteiro personalidade necessária para manter a tensão no ar, nos manter antenados e que nos puxava de um episódio para outro (fazia algum tempo que eu não via 3, 4 episódios de uma série de uma vez só). Os embates entre Berlim e Tóquio, as deliciosas conversar entre o Professor e a investigadora Raquel Murillo (Itziar Ituño) eram pontos altos da série, o jogo de polícia e ladrão, a forma como um manipulava o outro era (apesar de furos e clichês) a alma da série.
Tudo isso junto com uma direção dinâmica, com o suspense na relação entre o Professor, Raquel Murillo e Angel (Fernando Soto) fizeram a série ser sucesso e nos faziam esquecer de problemas básicos, de furos no roteiro e de reviravoltas meio hollywoodianas. Resumindo, a primeira parte foi tão bem encaixada que o que tínhamos de bom superava qualquer outra falha.
Porém veio a segunda parte e o que vemos nesta parte (foi a Netflix que quebrou em duas) é uma série que precisa se desenrolar rapidamente para terminar, tentar conectar todas as pontas soltas e preencher as lacunas vazias e, infelizmente, faz isso sem o seu melhor que eram os assaltantes, sem focar no assalto, sem focar nos seus personagens centrais (Berlim, Tóquio, Nairobi, Moscou e Denver). Clara que que tivemos belíssimos momentos nesta fase também, com o embate épico entre Tóquio e Berlim, porém tudo isso é engolido pelo romance entre o professor e a investigadora do assalto. Não que eu ache que não poderia ter acontecido, claro que era parte do plano do Professor, mas este romance toma caminhos tão inacreditáveis, que aqueles furos e clichês começam a saltar aos nossos olhos e enfraquecem o restante da série, mas por que isso acontece?
Porque o que interessava virou coadjuvante… E Raquel Murillo toma conta da série, mostrando-se a mais fraca personagem da série, aliás, torna a polícia espanhola em uma polícia saída dos piores pastelões, ou seja, essa virada da série para focar na relação do Professor e de Raquel Murillo torna-se necessária apenas para definir o assalto, mas é totalmente sem conteúdo, sem alma, parece claramente que precisavam criar uma personagem extremamente confusa com si mesmo para que o maravilhoso plano do Professor pudesse ser concluído. Poderia me aprofundar mais aqui, falar sobre a péssima conclusão com Ángel , mas se eu continuar cometerei Spolier.
Resumindo, eu não vejo porque ter uma nova temporada, porque a história do Professor e seus assaltantes já teve seu ápice, um novo assalto não será tão impactante quanto roubar a casa da moeda, alguns dos personagens perderam muito da sua personalidade, seu bando está desfalcado daquele que era seu braço direito, Berlim, e pode vir a ter uma assaltante que deve estar mais confusa do que antes, a ex-inspetora. Contar o que houve com todos depois do assalto? Pode ser interessante, mas alguns dos personagens precisarão de um trabalho muito grande para se tornarem envolventes.
No o resumo da ópera La Casa de Papel agradou por ter uma leitura dinâmica, ideal para os tempos de hoje com Netflix, trouxe uma ideia interessante de roubar onde se produz o nosso dinheiro, trouxe ladrões com coração e com uma vida, ou seja os bandidos não são tão ruins e por fim é uma visão diferente em relação as séries de mais sucesso de hoje em dia, então, para que colocar tudo isso a perder?
Série: La Casa Del Papel
Criador: Álex Pina
Segunda Parte
Onde Assistir: Netflix
Episódio 01 ao 09.
Elenco Base: Álvaro Morte, Úrsula Corberó, Alba Flores, Pedro Alonso, Paco Tous, Miguel Herrán, Roberto García, Enrique Arce, María Pedraza, Fernando Soto, Itziar Ituño e Jaime Lorente.