Nesta volta ao blog não pretendo escrever sobre todo filme ou todo episódio de séries que eu assistir, mas pretendo deixar uma ou outra vez a impressão do que tenho visto.
E para começar a falar um pouco mais do que tenho visto, vou começar com a série que foi muito comentada desde seu primeiro episódio e extremamente premiada na sua terceira temporada, Black Mirror.
Talvez o maior problema de Black Mirror nesta quarta temporada seja que todos esperam demais dela, que todos esperam ficar boquiabertos e que a série nos deixe com aquela pulga atrás da orelha com questões que envolvem nossa sociedade e até onde a tecnologia e/ou sua influência podem chegar, se não foram todos os episódios que fizeram isso nas primeiras 3 temporadas, a sua grande maioria fez, por isso a expectativa é grande.
Black Mirror voltou e eu já consegui (lembrem que tenho uma filha de 11 meses) assistir a dois episódios, o USS Callister e Arkangel, se não foram episódios fora de série os dois tem o seu valor.
USS Callister revisita um pouco a ideia de clonar humanos digitalmente para viver uma vida realidade simulada, diferente de outros episódios como, por exemplo, San Junipero, USS Callister não faz propriamente disto uma coisa boa, traz um lado mais cruel do uso deste tipo de tecnologia para que possamos nos vingar de bullyng ou de situações que não concordamos na vida real. Porém, apesar da crueldade, não existe uma relação entre a realidade virtual vivida pelo Comandante Daly (Jesse Plemons) e a vida real do problemático “gênio” Robert Daly, o mesmo Jesse Plemons.
Apesar de alguns momentos integrantes e que podem gerar um desconforto o episódio não tem aquele impacto devastador, justamente porque os acontecimentos de um mundo não afetam o mundo real, porém é um bom epísódio, com elementos curiosos que mexem com nosso imaginário no melhor estilo Black Mirror.
Já Arkangel, dirigido por Jodie Foster, vem sendo considerado um dos episódios mais fracos desta temporada, mas eu admito que gostei até sem final, que foi uma rápido e resolvido da forma mais simples.
Para pais a ideia de controlar tudo que seus filhos fazem é realmente tentadora, ainda mais em um mundo digital onde ao alcance de um indicador eles podem acessar coisas que nem esperávamos, todavia Arkangel vai além de um simples babá eletrônica, controle parental na TV, no firewall, ela é um sistema que controla tudo que acontece no copo do seu filho, inclusive podemos ver com seus olhos e, neste caso, até proibir de ver coisas que não queremos, como violência e sexo.
Enquanto nós conhecemos este produto a série é boa, intriga, mas ela perde por não debater mais os efeitos entre mãe e filha, principalmente quando a filha começa a sofrer um certo preconceito na escola ou começa a entrar na vida adolescente, faltou mais debate e mais profundidade nesta discussão.
E por isso que considero que o episódio foi bom até os 35 do segundo tempo, pois opta por terminar da forma mais simples, uma mãe controladora (Rosemarie DeWitt em excelente atuação) de uma filha (Brenna Harding) certinha que tenta conhecer o mundo de uma forma diferente do que sua mãe gostaria. Ou seja, nada de novo, por isso admito que esperava mais força e impacto no duelo final das duas.
De qualquer maneira Black Mirror voltou e ainda, talvez com menos força, nos faz pensar sobre a sociedade tecnológica de hoje em dia.
Até,
Deco
Série: Black Mirror
Criador: Charlie Brooker
Temporada: Terceira
Onde Assistir: Netflix
Episódio 01: USS Callister (Roteiro: Charlie Brooker & William Bridges – Direção: Toby Haynes)
Episódio 02: Arkangel (Roteiro: Charlie Brooker – Direção: Jodie Foster)