Vejo comentários dos mais diversos tipos sobre Garota Exemplar, vejo gente dizendo que é o melhor filme do ano e gente falando que é péssimo, bem, eu ficarei bem em cima do muro sobre o filme.
Infelizmente irei cometer alguns spoliers a partir de agora, então se não viu o filme talvez seja bom não acompanhar a leitura deste post.
O filme pode ser dividido em 3 partes, 2 partes empolgantes e que te seguram na cadeia e uma terceira parte que, infelizmente, tira a força e o impacto do filme, talvez não pela virada, mas por ser um filme longo a terceira virada pode funcionar no livro, mas na tela, em minha opinião, perde o impacto.
A primeira parte do filme para mim é a melhor, David Fincher brinca com maestria com os elementos que tem na mão, faz com que o espectador tenha certeza de quem é o personagem de Ben Affleck, um cara desiludido, sem ambição e que tem uma amante, casado com uma mulher perfeita, rica e que largou tudo para recomeçar ao lado do homem que ela ama, mas que está infeliz e prestes a ser trocada por outra.
David Fincher consegue tirar de Ben Affleck uma atuação digna, assim como dos dois detetives de polícia, Kim Dickens e Patrick Fugit, e de Carrie Coon que vive a irmã de Affleck. Apoiado nesses 4 o diretor cria uma história de certezas e incertezas sobre quem teria matado a Garota Exemplar do título, mas assim como o personagem de Patrick Fugit somos levados a ter certeza de quem é o assassino cruel da mulher perfeita.
Então levamos uma bela de um paulada no segundo ato do filme, quando revemos a história de como o diário de Amy foi escrito, David Fincher não nos poupa, com uma belíssima atuação de Rosamund Pike (desde já cotada para o Oscar), ele destrói tudo que vimos no primeiro ato, virando o jogo completamente e criando uma história incrível e beirando a perfeição.
Mas é justamente aí que, em minha opinião, o filme se perde. David Fincher usa muito tempo de filme para construir a base perfeita para essa virada, ou seja, ficamos por muito tempo vendo quem era Ben Affleck e depois quem é Rosamund Pike, para então ele mostrar que não existe crime perfeito e nem mente brilhante, nessa hora o filme perde toda a força e impacto que construiu, pois a relação de Amy com seu ex-namorado vivido por Neil Patrick Harris não tem impacto, força e nem a alma necessária, sem dizer que a essa altura boa parte da sala do cinema já estava impaciente.
Realmente, como disse no começo, a virada final do filme pode funcionar no livro, mas aqui perde força por culpa do filme basicamente perfeito que David Fincher construiu para mostrar aquele casal, para mostrar cada uma das facetas daquele crime, Fincher fez um filme beirando a perfeição, mas que acaba afetando o seu final, que poderia ter o mesmo impacto que teve a virada do meio do filme, mas infelizmente não o tem.
Garota Exemplar é um bom filme, de um grande diretor que mistura drama, suspense e crime com uma grande qualidade, algo que cairia totalmente no comum na mão de um diretor menos experiente, aliás, só um diretor como David Fincher para fazer Ben Affleck atuar fora do automático e dar a ele talvez a sua primeira grande atuação no cinema, mas no resumo geral a força inicial joga contra o final do filme.
Até,
André C.
Garota Exemplar (Gone Girl – 2014)
Sinopse AdoroCinema.com: Amy Dunne (Rosamund Pike) desaparece no dia do seu aniversário de casamento, deixando o marido Nick (Ben Affleck) em apuros. Ele começa a agir descontroladamente, abusando das mentiras, e se torna o suspeito número um da polícia. Com o apoio da sua irmã gêmea, Margo (Carrie Coon), Nick tenta provar a sua inocência e, ao mesmo tempo, procura descobrir o que aconteceu com Amy.
Direção: David Fincher
Roteiro: Gillian Flynn baseado no sue próprio romance.
País: EUA
Duração: 149 minutos
Elenco: Ben Affleck (Nick Dunne), Rosamund Pike (Amy Dunne), Neil Patrick Harris (Desi Collings), Tyler Perry (Tanner Bolt), Carrie Coon (Margo Dunne), Kim Dickens (Detective Rhonda Boney) e Patrick Fugit (Officer Jim Gilpin).