Sem Fôlego ou Wonderstruck é uma daquelas surpresas agradáveis que encontramos nos serviços de stream, neste caso na Amazon.
O filme é encantador, bem editado, com um roteiro que une dois mundos tão distantes com dinâmica e com uma dupla de atores mirins que torna toda a experiência ainda mais agradável.
O filme segue os traços de Ben (Oakes Fegley) e Rose (Millicent Simonds) que partem, em épocas diferentes, ele nos anos 70 e ela no fim dos anos 20, para NY a procura do seu pai e de sua mãe respectivamente, e isso tudo funciona tão bem na tela, a forma como o roteiro dinamicamente troca de uma época para outra, a quase que falta de diálogos (explicarei melhor mais para frente), a fotografia, as cores e as características que vão se cruzando fazem de boa parte do filme quase que uma obra de arte.
Eu particularmente acho a história por trás de Rose mais bonita e envolvente, primeiro, por ela ser surda desde que nasceu, a sua parte do filme é uma belíssima homenagem ao cinema mudo, sem dizer que a fotografia em preto e branco retrata toda a tristeza e magia que envolve a personalidade da Rose, sem dizer que a jovem atriz Millicent Simonds tem uma química com a tela que é impressionante.
E quando eu digo que o roteiro, a edição e a direção funcionam tão bem neste jogo entre dois mundos diferentes é que o mundo de Ben é completamente diferente, pois os anos 70 são retratados com cores fortes, com sons mais abertos e com uma dinâmica mais rápida e vibrante, mesmo quando o personagem de Bem perde a audição devido a um acidente com raio, o filme mostra claramente a diferença entre os dois mundos, não com diálogos, mas com o ambiente criado em volta das crianças. Diálogos aqui tirariam a magia em volta dos dois mundos.
Infelizmente eu fiquei com a impressão que o diretor Todd Haynes precisou ou foi forçado a cortar seu filme, o filme se desenrola de uma forma tão pura, bacana ou, como disse antes, quase que uma obra de arte, mas seu fim é muito abrupto, simples e imediato, parece que chegou um momento e precisava terminar o filme, então vamos terminar.
Não que eu não ache que a forma como NY foi retratada em miniatura para contar o desenrolar do filme não seja tão bonita como a primeira parte do filme, mas me pareceu um pouco simplista que vai contra o que o filme mostrou por boa parte da sua duração .
Com toda certeza uma boa pedida.