Na minha última ida ao cinema em 2012 fui ver o drama, ou melhor, o dramalhão O Impossível e se você vai ver um filme sobre uma história real de uma família que sobreviveu ao Tsunami e não esperar que o filme tente te tirar a todos os momentos lágrimas, é melhor nem ir ao cinema, pois o diretor Juan Antonio Bayona não te poupará disso em nenhum momento, principalmente após o desastre.
Juan Antonio Bayona surgiu em 2007 com O Orfanato como um dos promissores diretores espanhóis que o mercado americano estava de olho, mas só agora (5 anos depois) o diretor chega com um filme teoricamente espanhol, mas com astros e com cara de produção hollywoodiano, para tentar provar que realmente é aquele diretor promissor, e tirando um ou outro defeito do longa, o diretor vai muito bem ao extrair de seus atores o drama necessário para o filme, mas exagera em pontos em que o drama aconteceria ao natural, o que é comum em uma roteiro baseado em uma história real.
O diretor tira de Naomi Watts uma de suas melhores atuações, principalmente porque usa e abusa da atriz, ela é violentada constantemente pela câmera de Juan Antonio Bayona, mas é justamente desta “violência” que atriz tira uma atuação digna de prêmios (é uma das favoritas ao Globo de Ouro de melhor atriz em drama). No meio de tanto sofrimento, de sangue e de tudo que sua personagem sofre, Naomi Watts realmente deixa transparecer uma mãe guerreira e que quer apenas salvar seu filho, não importa nada que esteja acontecendo com ela, apenas seu filho, uma belíssima e forte atuação.
Porém para mim a grande surpresa é o novato Tom Holland que é a pessoa que tem a maior transformação em todo o filme. O jovem ator, que já viveu Billy Elliot nos teatros, surpreende a cada cena, a cada decisão que precisa tomar e tem uma das mais belas cenas do filme, quando passa a ajudar sobreviventes a encontrar seus parentes. A transformação pelo qual seu personagem passou pelo filme só é impactante por causa da atuação espetacular do pequeno ator, suas cenas com Naomi Watts são fortes, tensas e de extremo talento.
E como eu disse as cenas já são naturalmente fortes e dramáticas, enquanto o diretor constrói muito bem a parte do desastre ele se perde um pouco na segunda parte do filme, quando o foco passa a seguir Ewan McGregor (em ótima atuação também), pois parece que quer forçar as lágrimas a cada nova tomada, a cada nova cena, mas sem necessidade uma vez que os atores e o rumo do roteiro já garantem isso aos mais emotivos, mas Juan Antonio Bayona carrega na trilha sonora, nos closes das crianças e o que prejudica até o clímax do filme.
O Impossível é um bom filme sim, esqueça o fantástico, o título define bem que O Impossível aconteceu para aquela família, mas apesar de muito bem filmado pelo diretor e com atuações magníficas do elenco, o filme confunde drama com lágrimas e perde um pouco da força inicial.
Até,
André C.
O Impossível (Lo Imposible – 2012 )
Sinopse: Maria (Naomi Watts), Henry (Ewan McGregor) e seus filhos tiram férias na Tailândia, para desfrutar alguns dias no paraíso tropical. Mas, na manhã de 26 de dezembro, enquanto a família descansa ao redor da piscina, um rugido apavorante sobe à partir do centro da terra. Uma enorme parede de água surge em direção à família.
País: Espanha
Direção: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sánchez baseado em história de Maria Belon
Elenco: Naomi Watts (Maria), Ewan McGregor (Henry), Tom Holland (Lucas), Samuel Joslin (Thomas), Oaklee Pendergast (Simon), Marta Etura (Simone), Sönke Möhring (Karl) e Geraldine Chaplin (Old Woman) (Fabio)