Se sabemos algo na vida é que em algum momento perderemos algum parente, algum amigo, algum amor, mas o que não sabemos como iremos reagir a este fato, pois uns entram em depressão profunda, outros levam com tranquilidade e tem aqueles que transformam a sua vida em algo louco, um caos e assim por diante. O que sabemos é que apesar de tudo nunca estaremos preparados para este momento, e é nesse fato que o bom Caos Calmo toca.
Nanni Moretti é Pietro Paladini que é um executivo de boa vida casado e com uma filha, mas que tem sua vida completamente mudada quando sua esposa falece, coincidentemente no exato momento em que Pietro salvava uma desconhecida do afogamento. Então Pietro passa por uma transformação, ao ver o quanto estava ausente da vida da esposa e da filha, ele decide ficar um dia inteiro na frente da escola da filha, talvez algo para não perdê-la também, mas depois ele fica mais um dia, mais outro, outro e assim por diante, quando ele percebe ele faz parte do cotidiano de uma praça.
É neste momento que o filme do diretor Antonello Grimaldi ganha contornos interessantes, pois a medida que Pierto se envolve com a praça, ele passa a ver sua vida com outros olhos, começa a ver os pequenos valores da vida e que ele havia simplesmente deixado de lado. Um simples acenar da filha ou o sorriso de um menino com Síndrome de Down fazem com que ele respire em paz, mesmo que ele não perceba claramente que ele está vivendo o que o título diz, um caos calmo, dentro da calma que a praça lhe traz ele consegue deixar de lado o “caos” sentimental que vive sobre a morte de sua esposa.
É neste momento que percebemos que Pietro não faz aquilo apenas por Cláudia (Blu Di Martino), mas sim por ele, é o jeito que ele enfrenta a morte de sua esposa, deixando de lado a tristeza e o sofrimento, ele cria uma bolha em volta dele, onde tudo parece em paz. É a defesa que ele encontrou para aquele momento, assim como um dos moradores em volta da praça que disse que passou dias varrendo a casa após a morte da sua esposa.
O filme é um drama comédia que funciona em partes pela boa presença de Nanni Moretti, ele nos passa a calma que seu personagem vive ao conviver com harmonia na praça, mas também é forte e até agressivo quando sai daquele seu porto seguro composto pela praça e a filha, sua cena no carro é de grande performance do ator.
Caos Calmo é um filme simples, um drama sincero, mas que causa grande prazer, pois trata um problema sério de uma forma que remete a uma paz, a um crescimento da pessoa. A cena final entre Pietro e Claudia é um diálogo tão simples entre pai e filha, mas que é tão sincero que acaba passando uma mensagem final belíssima.
Até,
André C.
Caos Calmo (Caos calmo – 2008)
Sinopse: No mesmo instante em que Pietro e seu irmão Carlo salvam duas mulheres de um afogamento, sua esposa morre repentinamente. A partir daí, ele passa por momentos de caos sentimental e silêncio. Pietro, entretanto, precisa arrumar forças para exercer os papéis de pai e mãe da filha Claudia.
Direção: Antonello Grimaldi
Roteiro:Nanni Moretti, Laura Paolucci e Francesco Piccolo baseados em livro de Sandro Veronesi.
Elenco: Nanni Moretti (Pietro Paladini), Valeria Golino (Marta), Isabella Ferrari (Eleonora Simoncini), Alessandro Gassman (Carlo Paladini), Blu Di Martino (Claudia Paladini), Hippolyte Girardot (Jean Claude), Kasia Smutniak (Jolanda), Denis Podalydès (Thierry), Charles Berling (Boesson) e Roman Polanski (Steiner).)