Por causa de alguns problemas acabei não postando nada sobre o final do 62ª Festival de Cannes, então, mesmo um pouco atrasado vão aí os premiados e algumas polêmicas.
Dois filmes com certeza causaram muita polêmica em Cannes, um já era previsto e causou polêmica mesmo: Antichrist de Lars von Trier fez com que os jornalistas ficassem inconformados, o que gerou mais polêmica ainda para a entrevista com o diretor, que com muita “humildade” se definiu o melhor diretor do mundo. Apesar da polêmica o filme teve um ponto alto, Charlotte Gainsbourg, vencedora como melhor atriz.
Enter The Void, de Gaspar Nóe chocou Cannes. Parece ser especialidade do diretor que chocou Cannes e o mundo com Irreversível (2002), com cenas fortes de sexo e a famosa cena de estupro de Monica Bellucci. Parece que o diretor gosta de andar neste trilho, já que seu novo filme contém cenas fortíssimas de sexo, suicídio e uso de drogas.
Outro filme que surpreendeu foi Kinatay, do diretor filipino Brillante Mendoza, que levou o prêmio de direção. O filme apresenta uma estória filmada com grande realidade e crueza, gerando arrepios e mal estar no público.
Mas Cannes não vive só de polêmica, pois astros e grandes diretores passaram por lá: Tarantino e Brad Pitt apresentaram o esperado Inglorious Basterds. Tivemos um Scorsese criticando filmes pipocas e um Coppola apresentando um filme sobre um chefão argentino, Tetro, onde além de dirigir o diretor também foi roteirista, coisa rara em sua grande garreira.
O Brasil passou por lá, não concorreu a Palma de Ouro, mas fez bonito. O filme de Heitor Dhalia, À Deriva, foi aplaudido e muito bem recebido pela crítica na sessão Un Certain Regard. Este tipo de repercussão sempre gera bons frutos ao nosso cinema, que assim seja.
E falando em Palma de Ouro, o grande vencedor do Festival de Cannes foi o filme austríaco Das Weisse Band, do diretor Michael Haneke. Filmado totalmente em Preto e Branco, o filme é uma crítica ao fanatismo, seja político ou religioso. Apesar de não ser claramente sobre o Nazismo o filme deixa a entender que certos movimentos ou ações rígidas e duras, dentro de um pequeno vilarejo da Alemanha dos anos 20, acabariam por criar um movimento nazista. Abaixo uma pequenas mais excelente cena do filme, que mostra que realmente tem muita qualidade.
Abaixo a lista dos vencedores do Festival de Cannes, e agora é esperar para ver estes filmes nos cinemas ou no DVD, já que é bem provável que alguns sejam direto para a telinha.
Palma de Ouro: “Das Weisse Band” (The white ribbon), de Michael Haneke
Grande Prêmio: “Un prophète”, de Jacques Audiard
Melhor Ator: Christoph Waltz, “Inglorious Basterds”
Melhor Atriz: Charlotte Gainsbourg, “Antichrist”
Melhor Diretor: “Kinatay”, de Brillante Mendoza
Melhor Roteiro: “Chun feng chen zui de ye wan” (Spring fever), de Lou Ye
Prêmio do Júri: “Bak-jwi” (Thirst), de Park Chan-wook e “Fish tank”, de Andrea Arnold
Prêmio Excpecional: Alain Resnais
Câmera de Ouro (melhor primeiro filme): ‘Samson and Delilah’, Warwick Thornton
Curta-metragem: “Arena”, do português João Salaviza
Até,
André C.