Na fase de me surpreender, eu acabei por me surpreender positivamente com Milk, pois não esperava muita coisa, mas é um grande filme, com pequenos defeitos e com grandes atuações.
Obviamente não é um filme fácil, principalmente pelas cenas iniciais, porém se você não se deixa levar para este lado e talvez não veja o filme com olhos preconceituosos e discriminador, vai encontrar um grande drama político, mesmo com alguns exageros por parte do roteiro.
Digo exagero, pois o filme, em alguns momentos peca, pois parece ser uma obra inteiramente dedicada ao verdadeiro Milk, em alguns momentos que o roteirista Dustin Lance Black parece ter em Harvey Milk sua “musa” inspiradora, parece querer transformar o roteiro em homenagem a vida de Harvey, as suas conquistas amorosas e a sua maneira de viver, e não nas suas realizações pela luda da igualdade.
Talvez por causa de Gus Van Sant, o filme consiga se manter num caminho mais político, o que me surpreendeu positivamente, já que não sou um grande fã do trabalho dele, mas acho que foi por causa de seu pulso forte que o filme conseguiu equilibrar quase que perfeitamente entre a vida e as conquistas de Harvey. Ok! Parece contraditório com o parágrafo acima, mas acho que se tivéssemos um diretor estreante e com menos experiência o filme seria muito mais dedicado a vida pessoal, aos amantes, ao poder de sedução de Harvey do que na sua inteligência e na sua força pessoal.
Bem, já deu para entender que o filme funciona e muito por causa de Gus Van Sant, mas o dono do filme é, obviamente, Sean Penn. Até ontem eu acreditava que Mickey Rourke tinha sido injustiçado com o seu Lutador, ainda mantenho minha opinião sobre a injustiça com o filme, porém tenho que dizer que o Oscar este ano ficou em ótimas mãos.
Aliás, isso não me surpreende nem um pouco a atuação dele, pois Sean Penn quando resolve vestir a camisa de uma causa, ou abraça um roteiro com confiança, sempre deixa sua marca, por mais que o filme as vezes deixe a desejar Sean Penn sempre faz o seu papel.
Sean Penn merece palmas pela coragem, pela atuação, que beira a perfeição, é impressionante como ele consegue tomar a tela inteira como se o filme fosse dedicado inteiramente a sua pessoa, consegue ser delicado, ser forte, ser envolvente, consegue realmente ser o dono do filme. E aí que vem um detalhe, outros 3 atores se destacaram também: James Franco, Josh Brolin e Emile Hirsch.
Dizem que Josh Brolin está muito melhor em W. do que aqui, ou seja, preciso ver W. com urgência, pois aqui, mesmo com pouco tempo de tela Josh Brolin impressiona pela força de seu personagem, e se destacar atuando ao lado de Sean Penn, não foi páreo fácil.
Já James Franco parece que finalmente ganhou um papel mais dramático e de certo apelo, e se destaca muito como o grande amor da vida de Milk, com certeza um papel corajoso e de grande importância para a carreira do ator. Uma grata surpresa.
Mas quem me surpreendeu mesmo foi Emile Hirsch, que na minha cabeça ficou marcado como o adolescente atrás de sexo e apaixonado pela sensualíssima vizinha vivida por Elisha Cuthbert em Show de Vizinha. Realmente fiquei surpreso ao ver no fim do filme que Cleve Jones era vivido por um ator que nunca me pareceu muito promissor. Grande atuação!
O filme realmente merece ver visto, principalmente pelas atuações marcantes destes atores, e por alguns grandes discursos de Harvey Milk.
Até,
André C.
___________________________
Título Original: Milk
Gênero: Drama
País: EUA
Ano de Produção: 2008
Tempo de Duração: 128 minutos
Lançamento no Brasil: 20/02/2009
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Dustin Lance Black
Elenco: Sean Penn (Harvey Milk), Emile Hirsch (Cleve Jones), Josh Brolin (Dan White), Diego Luna (Jack Lira), James Franco (Scott Smith), Alison Pill (Anne Kronenberg), Victor Garber (Prefeito George Moscone), Dennis O’Hare (Senador John Briggs), Joseph Cross (Dick Pabish)
Tenho que discordar André… (Vi este filme somente esta semana)
Sean Penn tem uma atuação boa, que vai evoluindo ao longo da trama, mas não acho que ele tenha sido tão espetacular, como ele foi em Sobre Meninos e Lobos. Pra este filme, não achei que ele merecesse o Oscar, embora acredito que ele tenha ganho devido à coragem de interpretar um personagem – personalidade melhor dizendo – muito complexo. (Aos saudosistas, ele é um excelente ator, mas neste filme ele poderia ter dado um pouco mais.)
Já James Franco foi excelente. Nunca o vi como um bom ator, mas com certeza me surpreendeu bastante. Talvez ele merecesse ao menos uma indicação para ator coadjuvante, no lugar de Josh Brolin, mas aí seria uma dificílima escolha pois este também foi muito bem no filme. (Só lembrando que Josh Brolin concorreu com Heath Ledger na premiação, que obviamente foi para o “Coringa”, merecidamente.)
É isso.
J.D.