Belo, forte, dominante, poético, triste, denso, aterrorizante, profundo…
Como definir Deixa Ela Entrar?
Estou aqui alguns minutos olhando para a tela do computador e não sei qual seria a definição exata para o filme, se é que existe algo exato para definir o filme. O que sei que é um grande e maravilhoso filme.
Seria muito melhor ver o filme sem ter lido a sinopse, sem saber o que existe por trás daquela relação pura, de admiração, de confiança e de possível amor ou interesses. A necessidade de que ambos possuem daquela amizade, para se sentirem vivos e fortes, é retratada de forma preciosa pelo diretor Tomas Alfredson, que usa e a busa a fotografia com muita neve e branco, para mostrar a ausência de amor, de sangue e de vida nos dois protagonistas. A vida de ambos é fria e solitária.
Falando nos protagonistas, o filme ganha em densidade por causa dos dois ótimos atores. Oskar, o surpreendente Kåre Hedebrant, com seus cabelos loiros tem um ar angelical, e é meio ausente e carente. Já Eli,a ainda mais surpreendente Lina Leandersson, de beleza discreta e misteriosa, meio dominante e que parece estar em eterna briga com seus sentimentos. Os dois juntos na dominam o roteiro e a tela de forma maiúscula.
Como eu disse, anteriormente, a sinopse, pode complicar um pouco o filme, pois seria mais puro para nós descobrirmos o passado de Eli, como Oskar descobriu, e como ingenuamente perguntou. Deixo claro que isso não altera o resultado final do filme, mas faço este alerta para o parágrafo a seguir, pois irei cometer os mesmos erros da sinopse, não que estrague o filme, mas sem estas informações o filme seria ainda mais cativante, mais puro e mais belo.
O filme caminha pelas sutilezas de uma amizade praticamente impossível, entre um menino e uma menina, porém por ela ser uma vampira a amizade tenderia a uma desgraça, mas o diretor Tomas Alfredson se aproveita desta amizade forte, coesa e que surge inesperadamente para comentar e tocar em assuntos característicos dos vampiros sem exageros: a fome, o desejo por sangue, a violência, a humanidade (Eli ainda se desespera após atacar humanos), o sol e o problema de não pode entrar na casa sem ser convidado, aliás, este último que dá nome ao filme é um dos momentos mais belos e tocantes do filme.
Li, na Veja ou em algum site que o senhor de idade, que vive com Eli, seria um pai, eu já acredito que aquele senhor foi no passado um menino, que se apaixonou por Eli, assim como Oskar, tanto que ele acaba tendo um momento de ciúmes da nova amizade de Eli, porém pode ser apenas a minha impressão.
Já me alonguei demais e poderia escrever bem mais sobre o filme, sobre o fim forte e chocante, mas resumirei o filme em belo, forte, dominante, poético, triste, denso, aterrorizante, profundo…
Até,
André
p.s.: quem não viu o filme por preconceito ou por olhar com desconfiança ao cinema sueco, o EUA irá lançar sua versão no fim de 2010, e parece que o nome de peso do elenco será Philip Seymour Hoffman. O filme será dirigido por Matt Reeves (Cloverfield). Duvido que o filme tenha a mesma força e pureza!
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Título Original: Låt den rätte komma in
Gênero: Terror/Drama
País: Suécia
Ano de Produção: 2008
Tempo de Duração: 115 minutos
Lançamento na Suécia: 26/01/2008 (Göteborg International Film Festival)
Lançamento no Brasil: 02/10/2009
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist baseado em seu próprio conto.
Elenco: Kåre Hedebrant (Oskar), Lina Leandersson (Eli), Per Ragnar (Håkan), Henrik Dahl (Erik), Karin Bergquist (Yvonne) e Peter Carlberg (Lacke)
Concordo com as palavras com que descreveste essa lufada de ar fresco no gênero.
E concordo contigo quanto a Hakan.
Vi esse filme ontem e não resisti em colocar o título na net e conferir a mesma sensação em outras pessoas. Aqui está seu comentário e certamente muitos, assim como eu, tb tiveram a mesma certeza sobre prazer em tê-lo visto. Triste, pesado e belo como deveria ser a história. Tive a mesma impressão sobre o “pai” de Eli, imeginei ele ter sido um garoto assim como Oskar q acabou se apaixonando por ela. Parabéns pelo comentário a respeito do filme. Ótima crítica.
eu adoro o filme, já olhei várias vezes, o problema é que descobri depois que foi baseado em um livro, e nesse livro Eli é um garoto castrado antes de virar vampiro, e o velho é um ex-professor pedófilo. Isso muda as coisas, mas acontinuo achando um filme incrível.
EU acho Deixe Ela Entrar sensacional e achei o artigo muito bom. Parabéns.