Nunca tive problema com sexta-feira 13, sempre foi um dia normal, mas a última realmente foi bem diferente do que eu esperava e mesmo com um dia pesado, acabei assistindo ao terror A Bruxa que foi muito elogiado e recomendado.
Bem, não sei se foi o dia ou se foram a expectativas que coloquei no filme, mas não achei A Bruxa um terror assustador como li em vários sites e como vi algumas pessoas comentarem, porém tenho que dizer que é bom assistir a um filme de terror sem ser aquele terror fácil, cheio de truques e que exagera na velocidade da narrativa, da câmera e faz com que quem assista dê pulos simples no sofá sem pensar na história que está assistindo. Neste ponto A Bruxa realmente merece parabéns.
Porém, como disse A Bruxa não é assusta muito, mas mexe com o psicológico, podemos até dizer que é um terror psicológico, pois brinca e dá vários toques com várias crenças sobre bruxas, demônio, crianças possuídas, diabo camuflado de bicho, a virgem possuída e brinca com uma sociedade ainda marcada pela religiosidade fervorosa, pela crença de que tudo que acontece com a gente é por sermos pecadores e não merecedores da luz divina ou da paz em nossas vidas.
O que ajuda A Bruxa funcionar como filme de terror é o conjunto de sua fotografia (Jarin Blaschke), figurino e locação, uma vez que o roteiro usa muito bem todos esses elementos como: o silêncio e o isolamento da floresta, a fotografia fria, que ajuda na sensação clara de frio, desconforto e de tristeza, a luz mais natural, a luz das velas e os cantos escuros da casa, que são provocativos e, por ser um filme de terror, sempre parece ter alguém à espreita, sem falar do figurino simples, também mostrando uma falta de cor e de alegria.
Como já disse o filme brinca com várias crenças, lendas e formas do terror, da bruxa ou do diabo se manifestar, porém se isso funciona como um terror psicológico falta, em minha opinião, se aprofundar em um destes assuntos, falta ao filme mais força e algo para marcar presença em algumas desta crença, se isso funciona, como citei acima, a sensação ao final do filme é que faltou algo mais forte, o fim inclusive foge do que vemos no filme e até fica um pouco no ar.
Tudo isso faz de A Bruxa um terror que realmente namorou com o sobrenatural, dançou com o obscuro, bailou com o demônio, mas não conseguiu assumir o relacionamento e ficou no quase. Vale ver, vale assistir, realmente um dos bons filmes de terror, mas que só chegou perto de marcar um gol de placa.
Até,
André C.
A Bruxa (The Witch – 2015)
Sinopse: Nova Inglaterra, década de 1630. O casal William e Katherine leva uma vida cristã com suas cinco crianças em uma comunidade extremamente religiosa, até serem expulsos do local por sua fé diferente daquela permitida pelas autoridades. A família passa a morar num local isolado, à beira do bosque, sofrendo com a escassez de comida. Um dia, o bebê recém-nascido desaparece. Teria sido devorado por um lobo? Sequestrado por uma bruxa? Enquanto buscam respostas à pergunta, cada membro da família seus piores medos e seu lado mais condenável.
Direção: Robert Eggers
Roteiro: Robert Eggers
País: EUA
Duração: 92 minutos
Elenco: Anya Taylor-Joy (Thomasin), Ralph Ineson (William), Kate Dickie (Katherine), Harvey Scrimshaw (Caleb), Ellie Grainger (Mercy), Lucas Dawson (Jonas), Julian Richings (Governor), Bathsheba Garnett (The Witch), Sarah Stephens (The Witch, Young) e Wahab Chaudhry (Black Phillip (voz)).