Ridley Scott e David Scarpa limitam a grandeza de Todo O Dinheiro do Mundo e o tornam comum demais.
Alguns podem lembrar que o filme do diretor Ridley Scott foi muito controverso em 2017, ano de seu lançamento.
Tivemos problemas de assédio sexual com Kevin Spacey e a refilmagem com Christopher Plummer com vários problemas, entre eles os salários de Michelle Williams e Mark Wahlberg, mas esses não foram os motivos do filme não decolar.
É indiscutível a qualidade que Ridley Scott tem como diretor, porém aqui ele constrói um filme forte onde a trama rodeia o suspense, apresenta muitos elementos interessantes, mas não se aprofunda ou cria uma amarra entre esses elementos.
Infelizmente o diretor segura o filme com pouca ousadia, portanto nos apresenta um filme cansativo, lento e que aos poucos perde seu interesse, por sorte, temos Christopher Plummer.
Christopher Plummer é o dono do filme.
O filme não é totalmente esquecível ou tempo perdido, porque temos Christopher Plummer no papel de J. Paul Getty, o milionário que trava uma guerra pessoal interna e com a sua ex-nora (Michelle Williams) sobre o sequestro de seu neto.
Plummer (concorreu ao Oscar em 2018) nos presenteia com uma atuação digna da história do ator. Se Ridley Scott não quis se aprofundar na personalidade do milionário, Christopher Plummer quis. Mesmo que superficialmente, todo o lado sombrio do sofrimento de J. Paul Getty com o rapto do seu neto estão lá. A briga interna sobre o certo e o errado é impressionante e o veterano ator dá uma aula de interpretação.
Como citei, temos outros elementos interessantes na trama. Acho que o embate entre Christopher Plummer e Michelle Williams é um deles. Porém tal embate cai no problema das amarras impostas pelo roteiro e pela direção.
Com todo a certeza este embate poderia ser melhor aprofundado, assim como, a crueldade no cativeiro sofrido pelo neto do milionário, mas não acontece nunca.
E não acontece porque o roteiro e o diretor visitam estes elementos, maso roteiro visita um pouco ali, visita um pouco aqui e quando vamos ter um clímax, voltamos para algo com menos força e o filme que ia na crescente é puxado pata trás.
Falando em falta de força, não sei a importância do papel de Mark Wahlberg no caso real, mas no filme ele é totalmente descartável.
Não, não é culpa de Wahlberg, é que, como disse acima, Ridley Scott e o roteiro de David Scarpa não se aprofundam em nada, então, ele é o que mais sofre. Seu papel não evolui, não cresce, não marca presença e é esquecível.
Todo Dinheiro do Mundo é um suspense que não decola, pois é cheio de amarras e limites.
Roteiro: David Scarpa
Elenco: Christopher Plummer, Michelle Williams e Mark Wahlberg
Filme visto em 26/02/2019. 282019