Totalmente sem querer comecei a assistir ao filme Ao Vivo, um filme com uma ideia muito interessante, com um bom elenco, mas que perdeu sua coragem com o decorrer do tempo e o acabou transformando em um filme comum, com certa tensão no ar é verdade, mas poderia ter sido mais ambicioso.
Cade vez mais vivemos em uma sociedade que se expõe, uma sociedade que gosta de saber da vida do outro, se não sou de assistir BBB ou programas similares, admito que uso Facebook, Twitter e Foursquare, ou seja, faço parte de uma sociedade que a cada dia mais usa ferramentas para estar em contato com outros, mesmo que depois de um tempo a gente diminua o uso de uma ou outra ferramenta, sempre estamos conectados no que acontece na vida dos outros. E se grande parte dos seres humanos já usam destes meios, obviamente que a TV não pode ficar fora e precisa aproveitar, por isso cada vez mais a TV do mundo todo vem se enchendo dos chamados Reality Shows, e é isso que o filme Ao Vivo! quer criticar, até onde o poder da mídia pode ir para influenciar pessoas, até onde podemos nos sujeitar para termos sucesso, dinheiro e até onde podemos deixar os sentimentos mais irracionais do ser humano superarem os racionais, até onde o poder do dinheiro e do sucesso pode superar o lado humano que teoricamente nos faz superior aos animais?
E assim, fingindo ser um documentário (esquema comum demais atualmente), o diretor, documentarista e roteirista Bill Guttentag começa um interessante debate sobre os temas que coloquei acima ao seguir uma ambiciosa executiva de TV que tenta criar o maior programa da TV e para isso precisa bater de frente com a sociedade e com órgãos que tentam tirar o programa do ar, pois aqui não é um simples reality show onde o ponto alto é ir para baixo do edredom ou comer olhos de cabra, aqui o poder da mídia, a ganância das pessoas, a busca para se tornar uma celebridade desafia a morte, o programa é uma Roleta Russa entre os participantes, quem viver ganha uma bela bolada.
Porém toda a ousadia que temos na premissa do filme, com um bom elenco secundário e com uma Eva Mendes inspirada e dando corpo e alma para o personagem, o filme começa bem, mas vai se perdendo, principalmente ao perder a ousadia na direção, que prefere cair em discussões comuns, e diálogos simples que roteiro carrega o filme inteiro. O filme perde-se tanto que em alguns momentos torna-se cansativo e até desanimador, dando vontade de desistir do filme, mas ao chegar a hora do show a tensão volta ao ar, e temos ali os melhores momentos de Eva Mendes e do filme.
No final a tensão até deixa uma boa lembrança do filme, mas no geral foi muito pouco do que se esperava de um filme que tenta ir fundo em temas que provocam o poder da mídia, seja TV ou qualquer outra, e o que um ser humano pode fazer para alcançar a fama. Faltou ao filme personagens mais fortes (no fundo só a personagem de Eva Mendes tem algo interessante), faltou ao diretor querer provocar, querer ousar, querer criticar e não apenas fazer um pequeno alerta sobre o poder da mídia, o poder da exposição e da ganância no mundo de hoje. Faltou ao filme a ganância que ele queria questionar, faltou ao filme personalidade!
Até,
André C.
Ao Vivo!t(Live! – 2007)
Sinopse: : Uma executiva de TV cria o que ela acredita ser o programa do futuro, destinado a ter a maior audiência de todos os tempos, o reality show mais radical chamado “Ao Vivo!”. Neste programa, que ultrapassa em ousadia qualquer “No Limite”, “Survivor” e “Big Brother”, os participantes fazem roleta russa com uma arma carregada. Enquanto ela luta para manter o programa no ar, os participantes arriscam a vida ao vivo pelo prêmio que poderá mudar suas vidas.
Direção: Bill Guttentag
Roteiro: Bill Guttentag
Elenco: Eva Mendes (Katy), David Krumholtz (Rex), Rob Brown (Byron), Katie Cassidy (Jewel), Jay Hernandez (Pablo), Eric Lively (Brad), Monet Mazur (Abalone), Jeffrey Dean Morgan (Rick), Danny Comden (Buck), Paul Michael Glaser (Network President), Missi Pyle (Plummy) e Andre Braugher (Don).
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