É bom quando alguns filmes simplesmente nos surpreendem, foi isso que aconteceu com 360, um filme que eu não apostei muito quando vi o trailer e também achava que seria lento, cansativo e cheio de diálogos que não levariam a lugar nenhum, mas ao final dos 110 minutos você percebe que viu um bom filme, que se não é espetacular, é bem preciso naquilo que se propôs.
Fernando Meirelles se juntou ao roteirista Peter Morgan e criou uma história baseada em sexo, religião, luxúria, traição e amor para focar em vários relacionamentos, seus problemas, suas soluções e até em improváveis novos romances, levando em conta as primeiras palavras do filme onde cada atitude, cada decisão, cada caminho que pegamos numa estrada com uma bifurcação pode nos levar a um destino diferente, mostrado claramente que nós somos responsáveis por tudo aquele que decidimos e fazemos.
O roteiro não é nada muito novo ou inovador, já vimos filmes que mostram a vida de várias pessoas que acabam se conectando por acontecimentos, destinos na sua vida amorosa, porém Fernando Meirelles traz ao filme um ar muito natural e se não se aprofunda nos personagens que apresenta, é porque não precisa, pois é com apenas uma pincelada de cada uma das histórias que ele mostra realmente quem são e o que sentem seus personagens e o que passam por suas relações amorosas, sexuais e afetivas.
O elenco é um ponto forte no filme, se não temos um grande destaque individual, temos um conjunto que se completa em um todo, mas é impossível não destacar o veterano Anthony Hopkins que está leve e muito preciso em seu pequeno papel, que faz a sua relação afetiva de proteção com Maria Flor um dos bons pontos do filme, que tem ainda mais força pela presença de Ben Foster simplesmente perfeito como uma atormentado ex-detento. Aliás, neste ponto Meirelles brinca com o suspense, deixa de lado a relação marido/mulher e cria momentos de tensão ao brincar com a câmera, com a música e provoca o espectador, criando uma dinâmica que até aquele momento era ausente no filme.
360 não é inovador e não é aquele filme maravilhoso, mas é um bom filme sobre a vida, sobre nossas decisões, sobre os caminhos que tomamos para dar o passo seguinte nos nossos relacionamentos, na nossa vida e como cada pessoa pode ter um destino diferente tomando o mesmo caminho, porque nem toda bifurcação leva para o mesmo lugar.
Até,
André C.
360 (360 – 2011)
Sinopse: 360 é um caleidoscópio moderno, de amor e relacionamentos, interligando personagens de diferentes cidades do mundo num conto sobre a vida romântica no século XXI. O filme tem início em Viena e, dá voltas por Paris, Londres, Bratislava, Rio, Denver e Phoenix.
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Peter Morgan baseado na peça Reigen de Arthur Schnitzler
Elenco: Lucia Siposová (Mirka), Gabriela Marcinkova (Anna), Johannes Krisch (Rocco), Jude Law (Michael Daly), Rachel Weisz (Rose), Juliano Cazarré (Rui), Maria Flor (Laura), Jamel Debbouze (Algerian Man), Dinara Drukarova (Valentina), Vladimir Vdovichenkov (Sergei), Ben Foster (Tyler), Marianne Jean-Baptiste (Fran), Anthony Hopkins (John) e Mark Ivanir (The Boss).