Ontem assisti ao O Discurso do Rei e apenas comprovei o que já tinha visto no trailer, O Discurso do Rei é um filme todinho feito para o Oscar. Não que isto tire seu brilho e sua qualidade, muito pelo contrário, pois o torna um excelente filme, muito bem feito,muito bem editado e com atuações primorosas que devem agradar em cheio aos votantes da academia.
Falar de O Discurso do Rei é falar dos 3 principais nomes do elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter. Todos concorrendo a Oscar do próximo domingo.
Sempre gostei de Colin Firth, se não é considerado um grande ator por boa parte da crítica, sempre fez bem seus papéis e deu qualidade, simplicidade e perdulariedades a eles. E aqui ele mostra seu talento ao interpretar praticamente 3 personagens diferentes: um pai dedicado onde a gagueira e vista como um charme pelas filhas e pela esposa, um alteza real que não se importa com a gagueira para se impor a um homem comum e um alteza real que sofre no silêncio da palavra que trava em sua boca ao desafiar o seu medo. Sua indicação ao Oscar é merecida, é um mérito de um trabalho feito de forma precisa.
E se Colin Firth não nos reserva nenhum grande momento sozinho na tela, ele o faz com a parceria perfeita com Geoffrey Rush. Os diálogos muito bem escritos caem perfeitamente nos ótimos duelos que os dois travam na tela. Uma atuação completa a outra, pois enquanto Colin Firth em alguns momentos se encolhe dentro de seu problema, Geoffrey Rush está sempre ereto, com classe e mostrando a sua imponência sob o futuro rei.
Por isso Geoffrey Rush também estará novamente na festa do Oscar concorrendo como melhor ator coadjuvante, e algumas das grandes cenas do filme devem-se ao seu talento, como a conversa dos dois no parque sobre a neblina cinza de Londres e no ensaio da coroação. Seu talento foi um bom guia para Firth tirar o máximo de sua atuação.
E Helena Bonham Carter? Um papel pequeno, simples, mas sem maquiagens, jeitos e trejeitos de seus filmes com o marido Tim Burton. Bonham Carter está livre e solta e trabalha ao natural como a esposa de Colin Firth. Também reserva excelentes momentos, principalmente onde o silêncio e o olhar demonstravam tamanha dor pelo problema do marido. Perfeita!
Tudo isso faz de O Discurso do Rei um grande filme, um filme arrumadinho, bem filmado, com ótimas interpretações que mostra o crescimento de um homem que comandaria uma nação numa época difícil de Guerra.
O diretor Tom Hooper e o roteirista David Seidler, ajudados pela fotografia cinza e fria, pela música e pelo elenco, fizeram de umas história simples e sem muito destaque na história mundial, um filme forte e preciso, deixando a Guerra em segundo plano para traçar apenas a vitória de um homem sobre seus medos e suas próprias desconfianças.
O Discurso do Rei merecerá o possível Oscar que receberá no próximo domingo, mas Cisne Negro é o favorito deste blogueiro, por sua tensão cinematográfica a flor da pele.
Até,
André C.
O Discurso do Rei (The King’s Speech – 2010)
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth (King George VI), Geoffrey Rush (Lionel Logue), Helena Bonham Carter (Queen Elizabeth), Michael Gambon (King George V), Guy Pearce (King Edward VIII), Derek Jacobi (Archbishop Cosmo Lang), Robert Portal (Equerry), Richard Dixon (Private Secretary), Calum Gittins (Laurie Logue)
O que chama a atenção em O Discurso do Rei é que, ao mesmo tempo em que é um filme histórico, foca muito na personalidade do personagem. Ou seja, trabalha os dois pontos, fazendo com que milhões de pessoas tenham ido ao cinema para ver um filme que trata de história (o que é difícil).