Não vou comparar A Menina Que Roubava Livros com meu último post (Lore), pois, apesar de serem baseados em livros e sobre a Segunda Guerra, são filmes completamente diferentes em sua ênfase, enquanto o primeiro foca numa Alemanha dominada e com um povo caindo na real, o segundo trata mais da relação dos fugitivos, das crianças e daqueles que de uma forma ou de outra eram contra o regime.
A Menina que Roubava Livros é um filme que trata de um assunto nada inédito no cinema, ao ver o filme você tem a clara impressão que já viu um filme falando do mesmo tema em algum lugar, porém isso não seria um problema se o filme nos apresentasse esse tema com a mesma força, emoção e encanto do livro.
Na verdade o que vemos na tela é um conjunto de boas ideias do livro que não foram tão bem exploradas no filme, por exemplo, na tela a menina não rouba tantos livros, a relação dela tanto com a mulher do prefeito quanto com o judeu que se esconde em sua casa são muito superficiais, não trazem a vida dela tantas mudanças quanto se imagina, e sem dizer da Morte, que é apenas um narrador muito casual ao longo do filme.
E por falar da Morte, acredito que no livro a sua frieza com que trata a questão é mais forte e dominante. Aqui a Morte se resume a um simples narrador que está apenas observando bem distante tudo que ocorre na vida daquela menina, que lhe chamou a atenção, sendo que a Morte considera a nossa raça algo desprezível e sem graça. Tirando alguns bons momentos em que fala sobre as guerras, a Morte é apenas um coadjuvante que não marca. Uma pena.
Quero deixar claro que A Menina Que Roubava Livros tem bons momentos sim, não é um filme para simplesmente ignorar, por exemplo a relação entre Liesel (Sophie Nélisse) e Rudy (Nico Liersch) é algo profundo e interessante, assim como a relação da pequena ladra de livros e seu pai adotivo vivido por Geoffrey Rush, além disso temos cenas muito bem filmadas, uma fotografia cinza e triste, sem dizer que o filme é muito bem estruturado que agrada sim aqueles que não leram o livro e pode fazer chorar os mais emotivos.
Outro ponto interessante e bem claro no filme é a diferença de como as crianças viam a guerra, mesmo que fossem forçadas a cantar hinos de glória ao nazismo elas, na sua maioria, na inocência comum das crianças, não entendiam nada daquilo, como por exemplo o ódio a judeus, negros e etc. Vemos isso com apenas 3 personagens bem diferentes que tratam e enxergam a guerra de formas bem distintas.
Sobre o elenco, a jovem Sophie Nélisse tem bons momentos, mas falta uma força ou talvez experiência em algumas cenas de mais apelo dramático, mas sua Liesel é encantadora e inocente, da mesma forma que a Liesel do livro que encantara até a morte. Já o pequeno Nico Liersch é, para mim, a grande surpresa do filme, diferente de sua companheira de tela ele consegue dar ares mais fortes ao drama sem perder a inocência necessária para interpretar uma criança que não entende nada daquilo que acontece em seu país, tanto que tem como seu herói o corredor negro Jesse Owens.
Já os veteranos Geoffrey Rush e Emily Watson vão muito bem e cumprem o seu papel, principalmente por serem pais completamente diferentes, enquanto o pai é um cara que tenta trazer uma magia infantil ao momento do seu país e dar uma certa paz para a pequena Liesel, a mãe é apenas uma dura e forte sobrevivente que não consegue viver em paz com tudo que ocorre do lado de fora de sua casa.
A Menina Que Roubava Livros é um filme mediano, que tem altos e baixos e que merece uma chance sim, mas admito que outra coisa que me incomodou e ajudou a cair a nota final do filme, foi o fato dos atores usarem um sotaque alemão carregado e expressões em alemão em alguns momentos, no melhor estilo novela italiana na Rede Globo, na minha opinião era melhor ou terem usados atores que falassem alemão ou usassem apenas o inglês, sem Ja, Nein, Gött e outras palavras pequenas em alemão.
Até,
André C.
A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief – 2013)
Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
Direção: Brian Percival
Roteiro: Michael Petroni baseado no livro de mesmo nome do escritor Markus Zusak.
País: EUA e Alemanha
Duração: 131 mimutos
Prêmios: Oscar 2014 – Melhor Trilha Sonora Original (John Williams), Globo de Ouro 2014 – Melhor Trilha Original (John Williams) e BAFTA – Melhor Trilha Original (John Williams).
Elenco: Roger Allam (Death (Voz)), Sophie Nélisse (Liesel Meminger), Heike Makatsch (Liesel’s Mother ), Geoffrey Rush (Hans Hubermann), Emily Watson (Rosa Hubermann), Nico Liersch (Rudy Steiner ) e Ben Schnetzer (Max Vandenburg)