Nesta minha volta ao blog estou resgatando um post que escrevi um ano atrás, que gerou o post Caravan, mas que acabou não indo ao ar e como revi o filme estes dias na HBO, decidi reescrever alguns pedaços e colocar no ar a minha visão sobre o ótimo Whiplash.
Quando assisti Whiplash a primeira vez, um ano atrás, assisti mais pelos comentários da atuação do J.K. Simmons do que por saber do que realmente se tratava o filme, acabei descobrindo alguns minutos antes de assistir que o filme tratava da insana busca de um garoto pelo swing perfeito do Jazz, e quem segue este blog sabe que sou uma pessoa que escuta muito Jazz no dia a dia, então o filme já ganhou novos contornos para mim e me surpreendeu positivamente a cada toque da baqueta na bateria do personagem de Miles Teller.
E para minha grata surpresa o filme é muito mais que uma atuação fora de série de J.K. Simmons, é muito mais que apenas um filme de Jazz, Whiplash é um filmaço daqueles para ver e rever muitas vezes, pois o filme combina com excelente precisão música, roteiro e atuações fora de série, sem dizer que deixa uma mensagem importante sobre onde está nosso limite ou onde realmente podemos chegar com nosso esforços, isso eu falarei mais tarde neste mesmo post.
O filme é muito bem montado e bem dimensionado pelo diretor e roteirista Damien Chazelle, pois o filme é uma mistura frenética de música, beleza, desespero e tensão, seguindo o ritmo alucinante das baquetas de Miles Teller para buscar a perfeição do tempo não convencional da música que dá nome ao filme e da belíssima Caravan, uma obra intimidante que te leva para um passeio alucinante e muitas vezes sufocante na busca constante de se tornar um músico acima de tudo, na busca constante de se descobrir um talento raro e na busca alucinantemente frenética e insana da perfeição. Whiplash vai te fazer grudar na cadeira e relaxar apenas em alguns momentos de um Jazz mais tradicional.
E falando em perfeição J.K. Simmons dá um show, uma atuação competente, forte e impressionante na pela do professor que tenta tirar da sua Jazz Band o máximo que pode. Arrogância, sarcasmo, crueldade e força são algumas das belíssimas facetas da sua interpretação que lhe rendeu o Oscar de Ator Coadjuvante, aliás, essa atuação forte e impactante gerou muita controvérsia sobre até onde um professor ou um treinador pode ir para tirar do seu aluno o máximo ou o algo a mais que faça dele a diferença, aliás, aqui entra a mensagem que eu achei de grande importância no filme, quando o insano Fletcher (J.K. Simmons) diz que a pior expressão que existe é “bom trabalho”.
Não vou entrar no mérito aqui dos artifícios que o personagem de J.K. Simmons usa e abusa para tirar de sua Jazz Band o máximo que pode, óbvio que não sou a favor do que ele faz, mas a mensagem que ele passa ao falar que a pior expressão que existe é o tal do “Bom Trabalho” é muito interessante, e deixando o filme de lado e filosofando um pouco, será que hoje não estamos nos acostumando com uma sociedade que realmente acha que o que tem está bom? Será que o tal politicamente correto nos impede de exigir mais de nós mesmos, dos nosso funcionários, colegas e filhos? Claro, todos tem seu o limite, mas será que hoje as pessoas chegam ao seu limite? Chegam realmente naquilo que podem dar? Será que nosso tapinha no ombro não impede de darmos passos mais concretos e importantes para o futuro? Será que o simples, parabéns você fez o seu melhor, não impede que essa pessoa que recebeu o elogio faça um algo a mais, um algo a mais daquilo que se espera dele? O “Bom Trabalho” é realmente algo para pensar.
Bem, deixando de filosofar e voltando ao filme, com métodos nada convencionais, é isso que o personagem de J.K. Simmons busca de seus alunos, tenta que eles consigam ir um pouco mais a frente, que saiam da zona de conforto e a força disso tudo não acontece apenas pelo atuação magistral, forte e violenta de J.K. Simmons, mas pela “sintonia” entre ele e o personagem de Miles Teller. Escrevo sintonia entre aspas, pois os dois se encaixam com atuações complementares, os dois possuem momento insanos no filme em busca da perfeição, mas são personagens completamente diferentes e essa falta de sintonia, essa relação fora de ritmo é que segura e faz de Whiplash algo ainda maior, um filmaço!
Até,
André C.
Whiplash – Em Busca da Perfeição(Whiplash – 2014)
Sinopse: O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos com sua namorada e sua saúde física e mental.
Direção:Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
País: EUA
Duração: 107 minutos
Elenco: Miles Teller (Andrew), J.K. Simmons (Fletcher), Paul Reiser (Jim Neimann),Melissa Benoist (Nicole), Austin Stowell (Ryan) e Nate Lang (Carl Tanner).