Oliver Stone sempre foi um diretor polêmico e que gostou de falar de presidentes (Nixon e JFK), mas o que ele não quer aqui em W. é causar polêmica, o diretor apenas quer apresentar um retrato de um governo que é considerado um dos piores governos americanos. E sinceramente, ele não joga a culpa toda em Bush, mas deixa algumas perguntas sem resposta sobre a responsabilidade do povo americano nisso tuddo.
Stone nos mostra muito mais do que aquela visão que nós temos de Bush, seria muito fácil bater numa tecla de que o Bush é um trapalhão, um americano que só enxerga o seu próprio umbigo. Aqui, de forma inteligente, Oliver Stone nos apresenta um Bush como uma pessoa normal, que tem seus medos, suas crenças e seus erros. Mostra que Bush era um playboy, sem dom para trabalho nenhum e que resolve entrar na vida política mais para ganhar o respeito de seu pai, do que por ter conhecimentos para isso. Mostra como um sujeito praticamente alcoólatra e sem rumo na vida, encontra na religião a fuga e o tal chamado divino para ser presidente.
Oliver Stone mostra isso e deixa no ar, obviamente, uma critica a vida americana e ao povo americano, de colocar no poder alguém que no máximo tinha um bom discurso, mas que era totalmente despreparado para ser presidente americano uma vez, quanto mais duas.
As cenas em que o presidente Bush é induzido por sua equipe, igualmente despreparada, a entrar na guerra do Iraque usando o medo do povo são de um realismo impressionante (a cena do almoço mostra o medo do próprio presidente, imagine a de um povo). Sua equipe sabendo da sede de poder e de respeito que Bush tinha, deixa com que acredite que era ele quem tomava sempre a última decisão.
Mesmo com uma direção precisa e inteligente de Oliver Stone o filme poderia ser comum, mas não é por causa da atuação espetacular de Josh Brolin. Se em Milk eu já achei o trabalho dele impressionante, aqui é de deixar Milk quase no chinelo. Josh Brolin nos faz praticamente esquecer que ali é um filme sobre Bush e não o Bush de verdade. O ator impressiona nos jeitos, na fala e na cena mais constrangedora do filme, quando Bush não sabe responder a uma repórter qual o lugar que ele teria na história.
O elenco é repleto de grandes atuações: o sumido Richard Dreyfuss como o vice Dick Cheney, Jeffrey Wright como Colin Powell, James Cromwell como Bush pai e a grande Ellen Burstyn como Barbara Bush.
Um ótimo drama político muito próximo da realidade.
Até,
André C.
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Sinopse: George W. Bush (Josh Brolin) entra na faculdade seguindo a tradição de seu pai, George Bush (James Cromwell), um influente político. Apelidado de W pelos amigos, ele vive sob a sombra paterna e deseja apenas curtir a vida. Sem rumo definido na carreira, decide entrar para a política ao concorrer para a Câmara dos Representantes pelo Texas, estado onde vivia desde criança. Na campanha conhece Laura (Elizabeth Banks), com quem posteriormente se casa. W perde a disputa, mas se envolve de vez com a política ao ajudar seu pai na campanha presidencial de 1988, o qual sai vitorioso.
Título Original: W.
Gênero: Drama
País: EUA
Ano de Produção: 2008
Tempo de Duração: 129 minutos
Lançamento no Brasil: 10/04/2009
Direção: Oliver Stone
Roteiro: Stanley Weiser
Elenco: Josh Brolin (George W. Bush), Toby Jones (Karl Rove), Dennis Boutsikaris (Paul Wolfowitz), Jeffrey Wright (Colin Powell), Thandie Newton (Condoleezza Rice), Scott Glenn (Donald Rumsfeld), Richard Dreyfuss (Dick Cheney), Bruce McGill (George Tenet), James Cromwell (George H.W. Bush), Michael Gaston (General Tommy Franks), Keenan Harrison Brand (Marvin Bush), Ellen Burstyn (Barbara Bush), Jason Ritter (Jeb Bush), Noah Wyle (Don Evans), Jennifer Sipes (Suzie Evans), Jonna Juul-Hansen (Jan O’Neill), Elizabeth Banks (Laura Bush), Paul Hae (Kent Hance), Rob Corddry (Ari Fleischer), Stacy Keach (Reverendo Earle Hudd) e Ioan Gruffudd (Primeiro-ministro Tony Blair).
Até agora não entendi porque o filme foi mal recebido por onde passou… Ô sociedade moralista a nossa, que só briga por futilidades e rotula qualquer coisa do jeito que quer. Fazer o quê! Pior pra quem não viu. Uma produção muito correta.
Roberto, realmente são coisas que não entendo do cinema, mas sinceramente eu acho que o pessoal ficou com um pé atrás para ver este fime, mas ou menos como você disse, rotulou antes de assistir. É uma pena mesmo, um ótimo filme.
Abraços,
André C.
Também pensei que W. fosse despertar muito mais polêmica e interesse do que conseguiu, mas enfim…
O tema ultracontemporâneo e a cuirosidade de ver o elenco interpretando pessoas que nós acostumamos a ver diariamente nos jornais já garantem a sessão!