Admito que estava ansioso para assistir ao O Artista, primeiro porque acho que o filme não dura mais do que duas ou três semanas nas salas de cinema, a não ser que após o Oscar as salas comecem a dar lucro para os donos do cinema, pois na sessão que fui pouco mais de 15 pessoas ocupavam a sala. O outro motivo para ver o filme é o fato de eu ser um cinéfilo que cresceu vendo muitos filmes em Preto & Branco, mas só tinha assistido a 3 ou 4 filmes mudos.
No começo do filme a sensação de que falta algo é grande, parece que a todo momento eu queria ouvir a voz dos artistas, porém a belíssima direção de arte, a fotografia em preto e branco, os atores e a música preenchem a sala de cinema de uma maneira tão impressionante que os sons da cena passam a ser totalmente descartáveis e você passa a viver intensamente aquela história da decadência de um astro durante o surgimento do cinema falado.
E você se sente dominado pelo filme em grande parte pela atuação da dupla principal, porém antes de falar deles é necessário falar da música, para mim desde já mercedora de Oscar, pois é através da trilha de Ludovic Bource que vivemos o filme, sem a precisão dela, sem a força da música a atuação magistral dos atores seria completamente em vão. Neste momento, quando a música passa a ser a alma sonora do filme, aposto que muitos se pegam imaginando como seria estar numa sala de cinema com a orquestra ali tocando ao vivo a trilha do filme. É simplesmente empolgante o trabalho de Ludovic Bource.
Como já disse no último parágrafo a atuação dos atores é impressionante, até John Goodman em uma modesta aparição está muito bem, porém o trabalho do francês Jean Dujardin é algo assustador, pois o ator veste o personagem com tamanha força e que aliado a música nos mostra que o ator ainda é a peça mais importante do filme, tendo o filme som ou tecnologia de ponta, um filme sem um ator de talento com ambição por seu personagem é praticamente fadado ao fracasso. Jean Dujardin tem o papel mais complexo do filme, pois seu personagem vai da glória a desgraça em pouco tempo, e ele, com caras e bocas, com uma atuação belíssima nos passa, sem uma única palavra o seu sofrimento. A cena do sonho (não vou descrever por causa do spoliers) é tocante pela plástica da cena e pela atuação do ator. Jean Dujardin é um canditato fortíssimo ao Oscar, e desde já passa a ser meu favorito.
Mas toda grande atuação precisa de alguém no mesmo patamar para manter o filme lá em cima, e a atriz argentina, Bérénice Bejo, completa totalmente a atuação de Jean Dujardin. Enquanto Jean Dujardin se torna um cara amárgo, duro e decadente, a bela Bérénice Bejo cria uma personagem totalmente diferente, enquanto ele exala sofrimento, ela exala alegria, paixão, vida, etc.. A atuação Bérénice Bejo é exuberante e é simplesmente apaixonante, mas pelo que li ela corre por fora no Oscar de Atriz Coadjuvante, mas é uma indicação para lá de merecedíssima.
Bem, com uma direção extremamente precisa do diretor Michel Hazanavicius, com um roteiro enxuto (é do diretor Michel Hazanavicius), uma bela fotografia, uma música maravilhosa, com comédia e drama misturados na medida certa, o filme vai passando e te dominando, e diferente de que alguns falam, o filme não é forte candidtato ao Oscar apenas por trazer o saudosismo do cinema para os dias de hoje e retratar isso muito bem, o filme é forte candidato ao Oscar de Melhor Filme, pois quando você menos perceber ele te colocou um baita sorriso no rosto ao final da sessão, pois você participou de uma experiência cinematográfica única, fato raro nos filmes cada vez mais comuns dos dias de hoje.
Para finalizar este já longo post, vale ressaltar que o pequeno Uggie, que é o cahcorro companheiro do personagem George Valentin (Jean Dujardin), algumas boas risadas são causadas pelo cãozinho.
Se você puder assistir ao filme nos cinemas, não perca tempo, pois O Artista é FANTÁSTICO e merece a sala grande.
Até,
André C.
O Artista (The Artist) – 2011)
Sinopse: Na Hollywood de 1927, o astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) começa a temer se a chegada do cinema falado fará com que ele perca espaço e acabe caindo no esquecimento. Enquanto isso, a bela Peppy Miller (Bérénice Bejo), jovem dançarina por quem ele se sente atraído, recebe uma oportunidade e tanto para traballhar no segmento. Será o fim de sua carreira e de uma paixão?
Direção: Michel Hazanavicius
Roteiro:Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin (George Valentin), Bérénice Bejo (Peppy Miller), John Goodman (Al Zimmer), James Cromwell (Clifton), Penelope Ann Miller (Doris) e Uggie (The Dog)
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