Tem filmes que são modestos, simples, mas que são grandes filmes. É o caso de Lemon Tree do cineasta israelense Eran Riklis, que com um roteiro humano, sincero e atuações perfeitas, se torna uma pequena obra-prima e nos faz agradecer por existirem filmes assim num cinema cada vez mais comercial.
O filme não quer discutir a eterna guerra entre Judeus e Árabes, não quer ficar do lado de um ou do outro. O filme não quer ser crítico e nem polêmico. O roteiro (parece que é baseado em fatos reais) não quer nos apresentar um filme de guerra, ela é apenas usada para mostrar claramente que somos pessoas, que temos as nossas diferenças, mas o que cada um quer é viver em paz, na sua vida, na sua crença e buscar a sua felicidade, seja num Limoeiro ou numa vida repleta de luxo. A maneira como o diretor mostra isso, principalmente comparando a vida das duas mulheres, uma árabe e outra judia, é magistral. De um lado do muro uma mulher culta, bem cuidada, solitária, charmosa, com problemas com filhos e vaidosa. Do outro lado da cerca uma bela mulher, vaidosa, viúva, solitária, com problemas de relacionamento com filhos e vivendo dilemas dentro de uma religião.
A amizade entre as duas parece invisível, mas a troca de olhares das duas é uma das cenas mais bonitas do cinema. Só com uma troca de olhares você percebe a empatia que uma tem com a outra e o respeito de uma pela outra. Duas mulheres com suas diferenças, com suas crenças, mas humanas, com mesmos problemas e se unindo em força apenas um olhar.
O filme mostra claramente que as pessoas envolvidas nesta guerra, neste jogo, nem sempre querem saber dela, além das duas mulheres, tem o soldado que percebe o erro com a mulher do outro lado e até o Ministro da Defesa, que no fundo acha tudo aquilo um exagero.
A atuação da palestina Hiam Abbass (Munique, O Visitante, Paradise Now) é digna de um Oscar. Merece palmas de pé, uma vez que sua Salma Zidane (o jogador é homenageado com uma foto durante o filme) é uma mulher digna, com uma vaidade, que deseja amar novamente, mas ao mesmo tempo respeita as suas crenças, a sua religião. A sua luta, o seu medo e a sua agonia, não é apenas o limoeiro, mas como aquilo afetaria a sua vida e os seus amores. Hiam Abbass está exuberante, firme e perfeita.
A melhor mensagem do filme é que no meio de tanta pobreza de espírito, de tanta guerra, existem pessoas, existem seres humanos que são prejudicados no seu interior, na sua vida e nem sempre por causa de uma bomba ou um atentado, mas sim em coisas como amor, amizade e vida.
Disse muito, mas uma visão perfeita do filme você pode encontrar aqui, na opinião de Sérgio Vaz, um comentário perfeito, para um grande filme.
Até,
André C.
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Sinopse: Salma (Hiam Abbass), uma viúva Palestina, vê sua plantação ser ameaçada quando seu novo vizinho, o Ministro de Defesa de Israel (Doron Tavory), se muda para a casa ao lado. A Força de Segurança Israelense logo declara que os limoeiros de Salma colocam em risco a segurança do ministro e por isso precisam ser derrubados. Salma leva o caso à Suprema Corte de Israel para tentar salvar a plantação.
Gênero: Drama
País: Israel / França / Alemanha
Ano de Produção: 2008
Tempo de Duração: 106 minutos
Lançamento no Brasil: 08/08/2008
Lançamento no Brasil em DVD: 12/02/2009
Direção: Eran Riklis
Roteiro: Eran Riklis e Suha Arraf
Não assisti a este filme ainda e não me chamou a atenção, apesar dos seus elogios e do 50 anos de filme.
Além da homenagem a Zidane, também o futebol do Brasil é lembrado por um “aplique” no agasalho do advogado, Ziad Daud (Ali Suliman). Notavel, também, o nome do soldado encarregado da vigilância na torre: Itamar!
Demais. Um filme dígno de ser visto. Pena que a grande maioria desconhece um filme desse quilate. Atuações impecáveis de todos os atores, mas a atriz principal arrasa. Procurem ver.
Já assisti três vezes e a cada vez fico mais encantada e comovida com a singeleza e leveza que uma guerra de tão grandes proporções nos afetam, agora imagine entre os povos em conflito…quantos conflitos!
Maravilhoso…. e o Evaristo tem…..muito bom mesmo!