Tinha uma certa antipatia com o filme Guerreiro, pois acho que o tema lutadores pode estar batido, depois de Rocky, O Campeão, tivemos excelentes filmes nos últimos anos, como Menina de Ouro, O Lutador e O Vencedor, ou seja, um tema que vem sendo lembrado direto nos cinemas e é um filme que vai no sucesso das lutas de UFC no mundo todo, mas felizmente eu deixei minha antipatia de lado e vi um filme impressionante, que conseguiu misturar as melhores qualidades de todos os filmes que citei e trouxe um Nick Nolte monstruoso na tela.
Se você for assistir Guerreiro vai perceber logo nos 20 ou 30 minutos para onde o fim do filme irá, acho que 99% das pessoas que assistem ao filme já matam isso neste pequeno espaço de filme, e apesar disso ele não perde a pegada em nenhum momento, uma vez que o diretor Gavin O’Connor cria um filme forte, com personagens verdadeiros, com um drama familiar que aos poucos vai construindo uma família cheia de remorsos, de sofrimento e que busca o perdão. Com grande precisão o diretor cria personagens com objetivos idênticos na vida, que lutam por objetivos teoricamente diferentes, mas que no fundo é o mesmo, renascer, buscar o perdão e a honra. Cada um dos personagens tem uma característica única, mas a maneira de que cada um trata seu problema faz com que o filme te absorva para a tela, pois além de ter muita porrada, muita luta o filme tem alma, tem pegada, tem força e tem atuações marcantes.
Falar de Nick Nolte é quase impossível, na verdade faltam palavras para descrever a presença mais do que espetacular do ator, uma vez que os roteiristas escreveram o personagem especialmente para o ator, ele abraçou o sofrimento, a dor e amargura de Paddy Conlon com tanta força que hoje eu realmente volto atrás e acho que ele merecia mais o Oscar do que Christopher Plummer. Nick Nolte está um absurdo, é algo inacreditável de se ver na tela.
E toda a dor que Nick Nolte passa na tela é ainda mais evidente quando entram em ação seus dois filhos, vividos por Joel Edgerton e Tom Hardy, os dois atores de forma bem diferentes, pois são completamente diferentes, criam dois personagens que mexem com quem assiste ao filme, pois eles conseguem passar o drama, a dor, o ódio e a tristeza de formas tão distintas que você se pega torcendo para um e depois para o outro. Os dois atores, principalmente Tom Hardy, trabalham de uma forma tão sincera que completam tudo aquilo que Nick Nolte fez.
Assim, com uma boa história, mesmo com um fim previsível, alguns furos no roteiro, mas com 3 atores em atuações marcantes, Guerreiro é um ótimo filme, pois ele tem o sentimento que Rocky tinha, o drama de O Campeão, a história de vida de O Vencedor e Menina de Ouro e o drama e a história de superação de O Lutador, ou seja, apesar de um tema recorrente no cinema e nem muito original, Guerreiro fez disso tudo algo diferente, combinou o que já foi feito e conseguiu criar algo novo. Apesar de um roteiro simples, com um ou outro problema (algumas coisas são muito batidas no filme), Gavin O’Connor conseguiu montar um drama forte fora e dentro do octógono, que agrada a todos os públicos e ainda completa tudo isso com cenas impressionantes de lutas, que faz com toda a certeza você ficar inquieto ao assistir.
É uma pena que o filme tenha ido direto para as locadoras, falta de visão da Imagem Filmes que não vê a força do UFC no Brasil e não viu em Guerreiro um drama que tem tudo de bom de um drama, mas com muita pancadaria e sangue.
Até,
André C.
Guerreiro (Warrior – 2011)
Sinopse: Dois irmãos que seguiram caminhos diferentes na vida se reencontrarão nesse filme sobre o mundo do MMA. Tommy Riordan (Tom Hardy) é um ex-fuzileiro naval que tenta apagar suas memórias do Iraque e vê no seu retorno à sua cidade e no reencontro com o seu pai (Nick Nolte) a chance de um recomeço. Brendan (Joel Edgerton) é um professor de escola pública que passa por problemas financeiros e precisa sustentar a sua família. Logo eles terão que enfrentar todos os seus medos e limites dentro e fora do octógono.
Direção: Gavin O’Connor
Roteiro: Gavin O’Connor, Anthony Tambaki e Cliff Dorfman
Elenco: Joel Edgerton (Brendan Conlon), Tom Hardy (Tommy Conlon), Nick Nolte (Paddy Conlon), Jennifer Morrison (Tess Conlon) e Frank Grillo (Frank Campana).
Interessante a descrição da história do filme. Parece que realmente é um drama interessante, que aborda muitas questões da vida e que trata de temas recorrentes, mas sob uma perspectiva ampla. Acredito que seja bem interessante assistir esse longa.