Faz um tempo que ganhei do meu pai uma caixa de DVDs Audrey Hepburn e entre eles tinha Quando Paris Alucina, filme que ainda não tinha visto e principalmente mal tinha ouvido falar, mas trata-se de um filme inteligente que é uma crítica a maneira americana de fazer filme nos anos 60.
Audrey Hepburn talvez seja até hoje o maior exemplo de diva para o cinema, pois ainda é cultuada pelo talento, beleza e elegância que sempre atuou, e aqui ela é uma datilógrafa que precisa ajudar um roteirista a escrever um filme em 3 dias. Como o roteirista é vivido por William Holden é previsível saber que os dois se apaixonarão, porém como isso é contado é que ao mesmo tempo que engrandece o filme, atrapalha o resultado final.
Logo que Richard Benson (William Holden) conhece a datilógrafa Gabrielle Simpson (Audrey Hepburn) ele mostra seu “desespero” em ter 3 dias para escrever um filme, em uma cena emblemática ele desfila pela sala de seu hotel jogando folhas em branco mostrando como é simples escrever um roteiro e, como ele afirma, basta brincar com a inteligência da platéia e dar ao final dois grandes astros bem pagos em um beijo inesquecível.
Assim começa a surgir “A Moça que Roubou a Torre Eiffell” com os dois se apaixonando aos poucos ao mesmo tempo que vão escrevendo um filme que beira ao impossível (ou seja, brincando com a inteligência do público), e como ambos são os personagens principais do filme que escrevem, acabamos por entrar no filme dentro do filme. Com reviravoltas impossíveis, misturando policial, vampiro e romance o diretor Richard Quine vai criticando Hollywood e sua maneira padrão de criar filmes.
Outro momento interessante, uma interessante crítica a máquina de cinema, é quando o personagem de William Holden compara os roteiros de Frankestein com My Fair Lady, mostrando que os dois é sobre a construção de um novo humano, porém no primeiro é um monstro e no segundo uma dama, no caso a mesma Audrey Hepburn em filme que ainda seria lançado naquele mesmo ano.
O filme do diretor Richard Quine e do roteirista George Axelrod tem grandes pontos nestas críticas que faz, sem se importar que usa a mesma fórmula de colocar dois astros em um roteiro com reviravoltas e que terminará com um maravilhoso beijo, mas o que vai contra o filme é que ele me parece um pouco longo demais e perde um pouco a sua força e até aquele glamour dos filmes de comédia romântica dos anos 50/60, o que o torna no final um bom filme, inteligente e bonitinho apenas.
Até,
André C.
Quando Paris Alucina (Paris When It Sizzles – 1964)
Sinopse: Alexander Meyerheim (Noel Coward) é um produtor de Hollywood que contratou Richard Benson (William Holden), um roteirista, pois gostou do título da história prometida por ele: “A Moça que Roubou a Torre Eiffell“. Porém, nenhuma das 138 páginas que deveriam existir foram escritas, pois em vez de trabalhar no roteiro Benson ficou bebendo e se divertindo. Dois dias antes da chegada do produtor a Paris, Richard contrata Gabrielle Simpson (Audrey Hepburn), uma secretária temporária, para ajudá-lo a fazer o trabalho. Porém, o serviço toma um rumo inesperado.
Direção: Richard Quine
Roteiro: George Axelrod baseado na estória La fête à Henriette de Julien Duvivier e Henri Jeanson
Elenco: William Holden (Richard Benson/Rick), Audrey Hepburn (Gabrielle Simpson/Gaby), Grégoire Aslan (Police Insp. Gilet), Raymond Bussières (François (gangster #1)), Noel Coward (Alexander Meyerheim), Tony Curtis (Maurice/Philippe, 2nd policeman) e Marlene Dietrich
Parece interessante, apesar de que, pela descrição, poderia ser melhor. Ainda não vi Quando Paris Alucina e realmente não conhecia esse filme – há outros com Audrey Hepburn que fazem muito mais sucesso e são mais comentados. Mas acho que vale a pena ver este filme, nem que seja para contemplar mais uma vez a atuação de sua grande atriz.