O filme dos irmãos Dardenne é um ótimo filme na visão do roteiro e da atuação da dupla principal do filme, mas na minha opinião peca principalmente na montagem e na edição do filme. Mesmo que isso não tire a qualidade do filme, atrapalha um pouco.
Premiado em Cannes 2008 é um roteiro um pouco complexo e que analisa de forma muito clara e objetiva o tráfico de drogas, a imigração, a exploração dos imigrantes e viciados e as questões humanas. É um roteiro forte, humano, dramático e envolvente. O roteiro dos irmãos consegue nos envolver, nos trazer para a dura realidade dos imigrantes e dos viciados na Bélgica, sem fazer apelos, apenas nos contanto o dia a dia de um casamento de aparência. A forma como a direção e o roteiro nos apresentam a vida de Lorna, com closes e planos fechados é impressionante. Com um ar um pouco documental é a maneira que os diretores conseguiram nos mostrar a vida difícil e sufocante do casal, outra vez sem apelos, apenas com um ótimo texto e excelentes atuações.
As atuações são exuberantes, perfeitas. A atriz Arta Dobroshi nascida em Kosovo, além de ser muito parecida com Ellen Page, tem uma atuação maravilhosa, como a albanesa que faria de tudo para virar belga e conseguir abrir seu bar e realizar seu sonho, mas como todo humano, ela tem sentimentos. E apoiada num roteiro bem escrito, que é preciso nos detalhes, a atriz tem uma atuação primorosa, quando deixa os seus sentimentos mais humanos tomarem a frente na sua maneira de ver a vida, fazendo com que ela se entregue a vida de uma forma apaixonante. Com pequenos gestos, com pequenas mudanças e em silêncio, Lorna tem sua transformação completa. Realmente um trabalho exuberante de Arta Dobroshi.
Como eu sempre digo, as vezes uma atuação perfeita só ganha os contornos e a força que merece por causa de uma atuação à altura, e isso vemos no excelente Jérémie Renier, no papel complicadíssimo de Claudy, um drogado que encontra em Lorna, sua vontade de viver, sua força para lutar contra as drogas, e com esta luta muito bem interpretada por Renier, é que os sentimentos de Lorna tornam-se humanos. O jogo de interesse dos dois deixa de ser dinheiro, e passa a ser humano e sentimental. A presença de Renier é extremamente precisa e necessária para a atuação de Arta Dobroshi, é quase impossível uma atuação de qualidade existir sem a outra.
Já elogiei o roteiro e as atuações, mas disse que a montagem atrapalha um pouco o filme, o que deixa ele apenas um ótimo filme, mas não o torna excelente, mas mesmo assim recomendo.
Continuando, a montagem e edição, em alguns momentos me parece falha, parece que falta alguma coisa, parece que algo da estória de Lorna e Claudy não nos foi contato, dá à nítida impressão que as imagens são apenas jogadas para nós e que a gente conclua como quiser. Isso atrapalha alguns momentos do filme, pois são fatos e momentos importantes na construção do roteiro e dos personagens, principalmente em Lorna. Isso prejudica um pouco a dinâmica, mesmo que tudo se feche no final, mas dá uma sensação estranha, que somos ignorados ou que precisaram reduzir o filme.
Até,
André C.
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Sinopse: Lorna, jovem imigrante albanesa, vive na Bélgica, onde sonha em abrir uma lanchonete com seu namorado Sokol. Para tal, ela entra nos esquemas escusos do criminoso Fabio, que lhe arranja um casamento branco com Claudy, jovem viciado em drogas. Segundo o planejado, Lorna deveria se casar em seguida com um mafioso russo, disposto a pagar muito dinheiro por isso. Para que esse segundo casamento se dê rapidamente, Fabio tenciona matar Claudy. No entanto, Lorna acaba se apegando ao rapaz e tem dúvidas se conseguirá compactuar com o crime.
Título Original: Le Silence de Lorna
Gênero: Drama
País: Bélgica, França, Itália e Alemanha
Ano de Produção: 2008
Tempo de Duração: 105 minutos
Lançamento no Brasil: 07/11/2008
Direção: Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne
Roteiro: Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne
Prêmios: Melhor Roteiro – Cannes 2008
Melhor Filme de Lingua Francesa – Lumiere Awards 2009
Elenco: Arta Dobroshi (Lorna), Jérémie Renier (Claudy Moreau), Fabrizio Rongione (Fábio), Alban Ukaj (Sokol), Morgan Marinne (Spirou), Olivier Gourmet (Inspetor) e Anton Yakovlev (Andrei)
Achei o filme muito bom, envolvente do começo ao fim e com exelente atuação de Arta Dobroshi.
Fiquei encantado com enredo e com a sensualidade até certo ponto da Arta.
Murilo,
concordo com você, mas ainda acho o filme um pouco falho na edição, mas trata-se de um grande filme com uma belíssima atuação de Arta Dobroshi.
Abraços,
André
Bom filme, ótima atriz e uma beleza diferente e cativante.