Não vou comparar o RoboCop do diretor Paul Verhoeven com o do brasileiro José Padilha, são 27 anos de diferença e assisti ao primeiro como uma criança de quase 9 anos e agora eu fui ao cinema como uma criança de 35 anos, lá eu via RoboCop apenas como um filme de ação, com um policial robô que não poupava balas para matar os bandidos, não via o filme como uma crítica social que todos dizem ser.
Chega de delongas e vamos ao filme de José Padilha que tem muita coisa boa de Tropa de Elite, mas que no final é um filme mediano que não foi nem para um lado e nem para o outro, ficou em cima do muro em ser um filme de ação pura para agradar todas as idades ou ser um filme de ação usado para criticar políticas internacionais, o EUA, a mídia sensacionalista e seu poder, e assim por diante.
O filme começa muito bem, José Padilha lembra muitas vezes Tropa de Elite na forma como monta e filma as primeiras cenas de ação, principalmente a primeira cena quando ele mostra os robôs da OmniCorp em algum lugar do oriente médio tentando combater o terrorismo.
Essa mesma pegada ele leva para os treinamentos de RoboCop, principalmente aquele no depósito que lembra uma cena do original, sempre seguindo RoboCop de perto as cenas lembram, em minha opinião, muito Tropa de Elite, é essa câmera dentro da ação, como se fosse um video game, que prende a atenção de quem vai ao cinema, sem dizer que o filme ainda ganha em muito com a ótima qualidade dos efeitos sonoros do policial robô, tudo muito preciso a cada movimento do RoboCop;.
Porém é quando você acha que o filme vai decolar, ele não decola, uma vez que o filme perde tempo e força nas duvidas do médico Dr. Dennett Norton (Gary Oldman) em tirar ou não a humanidade da sua criação, uma vez que ela, o poder de questionamento, o deixa mais lento e vulnerável a falhas. Isso afeta a dinâmica do filme, até porque perdeu-se tempo com essa decisão e com a relação de Murphy com a sua família.
Acho que aí é que o problema acontece, pois, como disse no começo do post, o filme quer criticar muitas coisas ao mesmo tempo, aqui o filme fica naquela de criticar o desejo humano pela máquina e seu poder com ela, onde acaba o poder humano e começa o da máquina. Nesse caso não temos uma conclusão e quebra a dinâmica do filme.
Outro problema que fica no vai mais não vai é a crítica que o filme tenta fazer a manipulação que a mídia tem na opinião do público, hoje, com toda a rede virtual que temos, é muito fácil manipular a opinião pública, uma vez que temos acessos a imagens, fatos e informações a todo momento, mas nem sempre com a precisão necessária para formamos uma opinião. Outra vez o filme tenta mostrar algo, mas se perde em um personagem muito caricático vivido por Samuel L. Jackson, por mais que seja interessante a forma como diretor tenta mostrar como o jornalismo sensacionalista, dentro da ação, pode manipular a ideia de que você tem sobre um assunto, a crítica perde a força e fica perdida dentro do filme.
Resumindo José Padilha fez um filme americano, com críticas superficiais, que tenta mostrar os erros da sociedade americana, mas que preferiu a crítica superficial, bem diferente do que vemos em Tropa de Elite, mesmo assim conseguiu não afastar os saudosistas e ainda conseguiu trazer alguns fãs novos para o herói de lata, e em alguns momentos colocou seu ar bem brasileiro.
Até,
André C.
RoboCop (RoboCop – 2014)
Sinopse:
Direção: José Padilha
Roteiro: Joshua Zetumer baseado no filme de 1987 escrito por Edward Neumeier e Michael Miner
País: EUA
Duração: 117 minutos
Elenco: Joel Kinnaman (Alex Murphy/RoboCop), Gary Oldman (Dr. Dennett Norton), Michael Keaton (Raymond Sellars), Abbie Cornish (Clara Murphy), Jackie Earle Haley (Rick Mattox), Michael K. Williams (Jack Lewis), Jennifer Ehle (Liz Kline), Jay Baruchel (Tom Pope), Marianne Jean-Baptiste (Chief Karen Dean), Samuel L. Jackson (Pat Novak) e Aimee Garcia (Jae Kim)