Essa “Coluna” era para ter saído ontem, uma vez que foi ontem que este cara fora de série completou 50 anos, porém nem sempre temos tempo para tudo e ela sai com um dia de atraso, mas para homenagear um cara único, um diretor fora de série e que com sua maneira única de fazer cinema que acabou por criar gênero a parte no cinema, uma vez que nem sempre conseguimos definir seus longas como um gênero comum, seja ele comédia, drama, ação, policial, pois no fundo o que os define mesmo é o gênero filmes do Tarantino.
Definitivamente Quentin Jerome Tarantino é um cara diferente, seu cinema é único, o que ele tem feito no cinema, desde que apareceu com o espetacular Os Cães de Aluguel, um dos seus melhores filmes, é algo que tentam copiar, tentam recriar, mas só ele consegue. Desde lá, o diretor e roteirista vem criando filmes cheios de personalidade com aquele toque característico dele, que sempre consegue divertir no meio de um banho de sangue, aliás, por isso que eu digo que seus filmes fazem parte de um gênero a parte do cinema, criado por ele, uma vez que é impossível definir seus filmes dentro dos gêneros comuns do cinema.
Por exemplo Django Livre, seu último filme, não faz parte apenas do gênero faroeste o filme tem aspectos que o ligam a filmes como Cães de Aluguel, Bastardos Inglórios, Pulp Ficton, Kill Bill e muitos outros com a marca do diretor, marcas que vemos até em filmes em que ele não dirige, mas ataca somente de escritor ou até de produtor. Apesar de dizerem que ele não gosta de como Oliver Stone levou Assassinos por Natureza para a tela podemos ver notas claras de que aquele filme é um filme feito com o olhar de Tarantino, um artista diferenciado e que parece sempre estar a frente dos seus colegas, talvez porque o diretor coloca em seus filmes muita força, alma e personalidade.
Por falar em “Gênero Tarantino” o curta abaixo estrelado por Seu Jorge e Selton Mello, com direção e roteiro coletivo da 300 ML, faz uma interessante e divertida análise dos filmes do diretor até 2006, por isso ainda faltam referências aos filmes mais atuais como Bastardos e Django, porém na internet já é possível achar referências entre Django e Kill Bill, alguns espectadores mais atentos alegam que Uma Thurman é enterrada na cova de um parente de King Schultz ou na do próprio, personagem de Christoph Waltz em Django.
Claro que se você olhar a carreira de Tarantino você vê que ele amadureceu, como diz o vídeo acima, seus personagens amadureceram, mas isso se deve a evolução dele como escritor, e como diretor, apesar de suas viagens e de seus delírios cinematográficos que vão desde momentos poéticos até aos mais violentos, vemos um diretor muito mais atento ao que faz e um escritor muito mais evoluído, se formos ver seus primeiros filmes seguiam basicamente a mesma linha de assalto, vilões, violência e muita cultura pop, hoje ele mantém muito dos seus elementos, mas é possível ver que sua cabeça insana consegue passar isso para o papel e para as telas, pois só uma mente conturbada é capaz de criar um “trilogia” como Kill Bill (dizem que ele já tem o roteiro pronto para o terceiro filme) e depois mudar a história e matar Hitler da sua forma, conseguindo renovar aquilo que já vimos sobre a Segunda Guerra Mundial.
Não vemos essa mudança apenas nos roteiros que Tarantino escreve, como disse a direção amadureceu, cenas como a de Kill Bill acima e a de Bastardos abaixo mostram que o diretor também preocupado com como seu texto vai para tela, são cenas que prezam pela qualidade, sem perder o estilo que o consagrou no cinema, ela é repleta de bons diálogos, mas tem uma dinâmica mais forte, uma câmera mais segura e uma edição muito mais precisa, sem dizer que a música, algo tão marcante em seus filmes, passou a ser mais um personagens em seus longas, como na cena abaixo de Bastardos Inglórios, a música é de uma importância magnífica para a cena.
Hoje o nome Tarantino não é apenas sinônimo de filmes com sangue e violência, mas é sinônimo de filmes de qualidade e principalmente te roteiros fortes e que já valem o filme, porém até quando o diretor conseguirá se superar? Depois de um começo promissor no roteiro, de direções precisas, o diretor e o roteirista cresceram, como falei acima, porém até onde este talento vai? Será que Tarantino chegou ao seu limite? Será que com 50 anos o diretor e roteirista ainda pode nos surpreender como fez em Django? Pois agora sua platéia, seus fãs e as pessoas que curtem um bom cinema sempre esperaram de seus filme algo mais, pois se Bastardos Inglórios foi sua obra prima, o que foi Django, um filme tão espetacular quanto seu antecessor.
Bem, nós amantes do cinema temos que sentar e esperar a próxima obra insana que sairá da cabeça de Quentin Tarantino e torcer, que mesmo que não seja do mesmo nível dos seus últimos filmes, não perca a essência que vem marcando seus filmes, principalmente o bom humor em diálogos como o abaixo, pois só Tarantino poderia escrever uma cena como essa.