A melhor coisa de Nine é seu elenco, principalmente Marion Cotillard e Penélope Cruz, pois no final o filme você percebe que acabou de ver um filme com alguns bons momentos, mas que parecem meio que uma colcha de retalhos,no meio num roteiro um pouco vago.
O filme conta a história de Guido, um diretor que vive um problema de falta de inspiração e nesta busca por inspiração ele passa a buscar o seu próprio eu e mistura lembranças do passado com a realidade. Neste momento quem assiste também fica um pouco perdido, sem saber o porque daquelas lembranças, o porque daquela fase de Guido. Aliás, em nenhum momento ficamos “amigos” de Guido e passamos a sofrer com ele os seus problemas. O roteiro não consegue fazer com que criemos um certo laço com Guido e sua história passa a ser apenas um detalhe entre alguns bons momentos de música e dança.
Aliás, alguns números são fortes e marcantes, os dois estrelados por Marion Cotillard na verdade são maravilhosos e mostram o talento da atriz. No primeiro, ao cantar My Husband Makes Movies a francesa é de um amor tão puro pelo marido que é a primeira personagem a conseguir criar uma empatia, uma ligação com o público. Depois, mas para o fim do filme, a atriz francesa canta, dança e domina a tela com Take it All, onde sua personagem resolve romper laços, viver e seguir a sua vida. Para mim a melhor interpretação do filme.
Porém a mais sensual atriz do filme, livre, leve e completamente solta é Penélope Cruz. Com apenas um número a atriz canta, dança e exala sensualidade com A Call from the Vatican. Vivendo a amante de Guido, em apenas um número ela consegue nos fazer entender aquela paixão meio ardente que Guido tem por ela. A atriz ainda mostra seu talento em pequenas cenas com Guido.
Bem, poderia ficar aqui falando horas sobre todas as outras atrizes, de como a grande dama Judi Dench consegue surpreender com um número alegre, cômico e singelo, de como Sophia Loren ainda esbanja talento e beleza. Falar de como Fergie pensa que foi atriz, mas apenas fez o que já faz nos palcos. De como Nicole Kidman foi mal aproveitada, por ela ser a grande musa do diretor esperava mais dela em cena. Ainda poderia falar de como Kate Hudson em alguns momentos me lembrou sua mãe Goldie Hawn. Ah! Guido é vivido por Daniel Day-Lewis, em um papel de certa forma simples para o talento do ator e que em alguns momentos acaba ficando sob a sombra da força do elenco feminino.
Eu poderia ficar horas escrevendo sobre cada uma destas atrizes, mas para terminar este post, que já está grande, quero dizer que Nine é um filme com excelente números musicais, mostrando o talento do diretor Rob Marshall em criar coreografias e números de impacto, porém os números em si precisavam de um roteiro mais forte, de um Guido mais simpático e de um filme que criasse uma relação mais direta com o público.
Nine no final é um filme que queria Oscar e prêmios, mas é um apenas um filme com bons “clipes” musicais.
Até,
André C.
Nine (Nine – 2009)
Direção: Rob Marshall
Roteiro: Michael Tolkin e Anthony Minghella baseados no musical escrito por Arthur Kopit e Maury Yeston que foi baseado no original em italiano escrito por Mario Fratti
Elenco: Daniel Day-Lewis (Guido Contini), Marion Cotillard (Luisa Contini), Penélope Cruz (Carla), Sophia Loren (Mamma), Kate Hudson (Stephanie), Judi Dench (Lilli), Nicole Kidman (Claudia) e Stacy Ferguson – Fergie (Saraghina)